O que tem Maria Amélia com os amores de Caetano?
Por Pawlo Cidade[1]
Chegou
às minhas mãos a obra de Chiquinho. Face a leitura fácil, gostosa e
esclarecedora, me vejo às voltas de um historiador que, além de contar com
esmero os fatos, causos e acontecimentos de sua Terra natal, sabe como ninguém
que a memória é o essencial – como diria Jorge Luis Borges – “visto que a
literatura está feita de sonhos e os sonhos fazem-se combinando recordações.”
Pois
é o que vemos ao ler “Cidade Tobogã”, livro que conta a história da cidade de
Ibirapitanga (distante 106 km de Ilhéus), a cidade que “nasceu entre os rios
Cachoeira do Pau e Revés.” Como também sou um contador de causos e histórias,
saltei alguns capítulos e fui logo conhecer as curiosidades e acontecimentos
que tiveram como protagonistas diversos moradores como Antonio Aragão, Mestre
Né, Gia que deixaram registrado uns chavões como o título que leva este artigo
sobre o livro. Me diverti mais ainda ao conhecer os apelidos exóticos que a
saudosa “Cachoeira do Pau” abrigou como Barriga, Cheiro, João Relento, Calango,
Beiju, Zoi de Porco e Boca Mole que de mole não tinha nada.
Todavia,
“Cidade Tobogã” abriga muito mais que causos e apelidos, traz em cada página,
as recordações e as notícias, quase em forma de crônicas, sobre questões como o
plebiscito que emancipou Ibirapitanga por apenas um voto; as festas populares,
representadas pelo Bumba-meu-boi, o Terno de Reis, o Carnaval, a Festa da
Páscoa, Santo Antonio, São João e São Pedro, “ao som das músicas juninas os
rapazes, moças, velhos e velhas, dançavam agarradinho e funga-funga,
esquentando as noites frias do mês de junho. Era um tempo bom,de alegria, no
ritmo do “chiado da chinela” e da beleza dos fogos que explodiam nas
redondezas”, relata Chiquinho.
“Chiquinho”, (no centro da foto) que outrora fora batizado de Francisco Quinto de Souza Neto, ficou mais
conhecido pelo apelido que pelo nome sem, em nenhum momento, ser desmerecido
pela alcunha que, certamente, o imortalizará. “Chiquinho” traduz a
simplicidade, o sorriso simpático, a conversa serena, o discurso pragmático e a
introdução segura com que aponta cada um dos seus capítulos das duas partes em
que o livro está dividido.
Eu,
não tenho dúvidas que este “Cidade Tobogã” será para os moradores de
Ibirapitanga uma bússola, um registro vivo de sua história, de sua gente,
escrita – como bem afirma minha amiga e poeta Geny Xavier - “a partir do olhar
atento e afetuoso de um cidadão ibirapitanguense que, pelo afeto à sua cidade
natal e pela vivência social, cultural e política, se fez conhecedor de muitos
aspectos que determinam a história desse município.”
Parabéns,
Francisco Quinto, sei que tens muito ainda a contar. Afinal, mesmo que Maria
Amélia não tenha nada a ver com os amores de Caetano, não poderia deixar de
parafrasear Mestre Né, o saudoso intérprete da voz de Vicente
Celestino que bradava que cachorro só Surubim; espingarda só de cartucho;
mulher só Áurea e memorialista de “Cachoeira do Pau” só Chiquinho!
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