segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O POÇO DOS DRAGÕES


Meia hora depois, Felipe chegou. Trazia com ele um daqueles megadróides inimigos de Ben 10, o Boss. Patrick foi logo perguntando:
- Quem te deu este megadróide, Felipe?
- Meu tio.
- Ele solta lasers pelas mãos?
- Não.
- Então não presta!
- Presta sim. Ele faz furacões com as pernas.
- É mesmo?
- Brincadeira. – Riu.
Eles caminharam na direção do quarto. Patrick se agachou e puxou uma caixa de papelão grande, cheia de brinquedos velhos, que estava embaixo da cama. Remexeu até encontrar um arco ãopequeno e uma espada de madeira.
- Tome! – Entregou a espada ao primo.
- Pra quê? Já tenho meu megadróide.
- Ele solta raios azuis?
- Não.
- A minha espada solta. Você vai precisar dela.
- Pra quê?
- Pra gente lutar contra o dragão.
- Dragão? Que dragão? – Perguntou com medo.
- Larga de ser medroso, Felipe. É um casal de dragões que moram no poço do quintal. A gente vai acabar com eles antes que eles invadam a Terra.
- Não existe dragão no quintal.
- Existe sim. Eu mesmo já vi.
- Viu?
- Nos meus sonhos.
- Sonhos? E quem disse que sonho é de verdade?
- O meu é. – Ele pendurou o arco no ombro e foi saindo do quarto. – Vem comigo. Eu vou te mostrar.
- Eu? – Felipe sentou na cama.
- Você é homem ou não é?
- Sou um menino. – Riu de novo.
- Então eu vou sozinho. – Saiu em passos largos para o quintal. Felipe não teve outra alternativa, senão segui-lo. Os dois abriram o portão de madeira que separava a cozinha do quintal e foram se aproximando, vagarosamente, do poço antigo. Antes, pararam embaixo de uma sapucaia de folhas grandes e carnosas de um violáceo-pálido. A árvore, também chamada de Cumbuca-de-macaco, servia de abrigo para um casal de Maçaricos-do-bico-torto.
- É ali que eles estão. – Patrick sussurrou, apontando para o poço antigo.
- Como você sabe? – Indagou Felipe baixinho.
- Minha mãe me disse, meu avô contava e meus sonhos também.
- Dragões não existem! Nem os da televisão são de verdade. – Insistia Felipe.
- Silêncio! – Ele colocou o dedo cruzando a boca. De repente, a brisa cessou. Os pássaros pararam de gorjear. Os olhos dos meninos arregalaram. Patrick, de preto, ficou branco; Felipe quase urinou nas calças; o casal de Maçaricos-do-bico-torto se assustou. O rugido que ecoou do poço não parecia de um boi; nem tampouco de um leão. Era tão forte que as tábuas que fechavam o poço estremeceram.
- Roaaaaaaaaaaaaaarrrrrrrrrrrrrrrrrr!!!!!!!!!!!!!!!!
Patrick procurou algo para se segurar. O coração batia mais forte que o despertador de seu pai. Quando olhou para Felipe, o primo já tinha fugido. Correu mais rápido que o papa-léguas para casa. O segundo rugido veio mais forte e mais demorado. Uma fumaça parecida com a de uma panela-de-pressão escapou pelas aberturas das tábuas do poço. Patrick largou o arco e a coragem embaixo da Cumbuca-de-macaco  e voltou apavorado para casa. Será que o dragão sabia que eles estavam ali?
(Trecho de uma pequena história que estou escrevendo entitulada: "O menino que sonhava com dragões" que poderá ser lançado em breve)

Um comentário:

  1. Pawlo cara, que coisa gostosa de se ler, muito boa essa sua vertente literária dedicada ao publico infanto-juvenil. Tenho um conto chamado "Mendigo cadente" que talvez possamos encenar algo com ele. Abraços cara e produtividade sempre

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QUEM É PAWLO CIDADE?

COMO COMEÇOU SUA TRAJETÓRIA CULTURAL?   Tudo começou pelos quadrinhos. Meus professores e, sobretudo, meus pais foram grandes incentivadores...